Followers

Wednesday, February 9, 2011

Galeria Cambralha na Rede Globo

http://www.youtube.com/watch?v=ktJy0Qs_buw
http://www.youtube.com/watch?v=ktJy0Qs_buw

Minuto 3 e 40


Em tempos pos-catastroficos a Rede Globo, emissora criada durante o regime militar Brasileiro, colocou no ar, em horario nobre, a Galeria Cambralha para mais de 5 milhoes de telespectadores terem acesso. Serah q isso prova o qnt sao atrasadas as galerias & os galeristas?? os quais temem severamente o novo...


'morrer num processo revolucionario nao eh nada mal'
Glauber Rocha.


Nas artes tudo o q nao pode, deve!

Monday, February 7, 2011

Fragmento Galaxial



Capítulo 01
Todo silêncio da força do tempo se encontra nessa intenção, silêncio, pureza imaculada, fortalecimento e sangue quente. No começo tudo é água silenciosa, com os deuses escondidos nela.
Tudo acabou de começar, a cidade em seu vapor liquefeito, num Estado lastimável, continua a funcionar. O atividade do plantão está me esperando para solitário chegar até o cume da colina, no caminho me socializo com Batoré, com as cabras e o cavalo, todos soltos no mato. As galinhas ciscam, o gavião de cima da árvore observa, é meio dia, hora do almoço.
Meus braços giram, meu corpo levita, enterrado nas profundezas da terra, minhas raízes me conectam, pairo depois do sol dourado, vivo além dos três estados, onde quero, com o rei, a rainha & todo o império.
             A doença se propaga em linha reta, desordenadamente sincrônica com a resposta do eco dos movimentos dos corpus iluminados, é a vez de outro ciclo, o antigo caminho parece mudar mas é apenas outro ângulo do mesmo. Os astros flutuam, o grande planeta se aproxima, passo as matérias em viagem descontroladas, meu corpo queima, meu espírito continua de braços abertos pelo universo. O girador passa num cometa, as formas geométricas de cores vivas atuam com os numinosos pequeninos, o cavalo pula a janela comigo montado nele, o idioma codificado começa a fazer sentido pra mim. 

Capítulo 02
A arte recomeçou das cinzas, minha professora falou por muitas vezes sobre a Phoenix, a Lótus, o Anjo Negro e as folhas que caem, a partir daí o inverno se vai, alguma hora. Aqui na prisão o melhor dia é segunda-feira, aqui no cemitério dos mortos vivos, onde a sociedade deposita sua sombra coletiva, a professora Armeniana me ensina um pouco na escola da vida. Alguns pássaros cantam a noite, depende da intensidade das energias da terra com as correntes do fundo do mar, as marés de fogo e a vontade de Deus. Meu amigo diabo está me olhando de perto, ele quer se chegar, tudo passa na vida. O calor toma o hemisfério sul, domado letárgico, suor e gozo. As águas do mar limpam o fora de controle, põe de volta o material perdido, se equilibram pelas fases da lua, abrigam legiões distantes, fronteira cósmica, as ruas são outra coisa. É nesse lugar dos monstros devoradores que está guardada a pedra preciosa, quanto mais feroz o dragão, mais bela a princesa.


Capítulo 03
As memórias afetivas populares resistem, as batalhas perdidas reafirmam a causa, a guerra está por revelar outras esquinas, Monan respira, a Guanabara urge em plenitude no alto do azul, na areia branca, nas matas e pedreiras de Xangô-Agodô, o Justiceiro anunciador.
Lá em cima, na quadra do baile, uma placa do Brizola me fez lembrar do papai. Enquanto a batalha se trava no alto, em baixo o jogo não para, o ser humano é escravo do mesmo, da culpa, da doença, do medo do medo e, por fim, da morte. Desvio quando impossível, quando não, dou meu jeito. De repente as coisas deram certo, agora bebo bebida cara, pelo menos até amanhã... Aí então uma sardinha, uma dose de cachaça e carnaval... até o dia raia, depois é outro casamento.

Capítuol 04
Diabo - Meu sangue é o seu vinho, seu tesão meu caminho, minha cura sua aventura, minha loucura seu destino, tudo esturdindo!
Paulo Duarte - O silêncio nos traz esse encontro.
Diabo - A arte das vísceras é o meu alimento, a merda a comida clandestina, o sexo a nossa oração maldita, o beijo o segredo proibido, a libertação sexual, loucura dos reprimidos.
Paulo Duarte - O medo é o meu destino, sou afrodisíaco, tenho mel no corpo, sou o poeta morto (torto).
Diabo - quanto mais longe, mais perto, quanto mais tu foges, mais te capturo. Outro trago, a sua concepção do tempo me faz inexato, minha morena guia é o seu rabo, eu sou aquele nadador do lago.
Paulo Duarte - Abro sua janela, (a das artes), meu amigo endemonizado, sinto o coração do universo, sinto o seu rabo.
Diabo - a decomposição é o ritmo do meu coração, estou tentando acordar, a prisão é o sonho acordado da realidade cotidiana absurda, gosto do sol, gosto da lua.
Paulo Duarte – No inferno do inverno sempre floresce primavera de amor, atrás de mim as grades, na minha frente as possibilidades, você obedece o que eu sou, me defende, me guarda, cumprimos prisão perpétua, nada é pra sempre, o além é logo aqui. 
Diabo – A sua terapia é a minha mania, sua loucura, minha alegria, sua herança a minha dinastia, seus sonhos, minha putaria.
Paulo Duarte – Sou seu escravo alforriado, venho do quilombo do alto, da antiga aldeia criminosamente incendiada, sou Guajupiá dos Tupinambá, eu sou o barba.
Diabo – A sua associação de idéias é o meu jogo, os números naturais o osso, o volume, o morto(torto), muitos dos conteúdos profundos estão trancados aqui no calabouço.
Paulo Duarte – Agora o sol está no alto, na Jerusalém antiga, aquele barbudo passou por debaixo do arco, andei pelo deserto amarelo, nadei no mar vermelho, no monte do começo, vou encontrando eu-mesmo.

Cap. 05 - FIM
Nascimento, parto, porta, porto... A tortura do corpo denuncia o processo da alma. Um cigarro um trago, agora sem muita paciência, é hora de ser calmo. Duas laranjas sob a mesa, um fogão improvisado e alguns livros roubados. A ignorância denuncia a covardia, realizar a retomada da antiga Guanabara dos Tupinambás é necessário. A falta de significado mata outro ídolo descartável, as formas preenchidas por matéria confusa se alteram na dança da caçamba. No fim, a sensação é a mesma, o escuro estronda e oprime! Os peixes me acompanham, a sobriedade é o reencontrar, o relembrar inconfundível da vida, sonho arcaico. As pessoas continuam com seus tesouros submersos, a escola da morte se propaga em linha reta, a sociedade não tão atraente agora, ejacula gozo pra todo lado, o Anjo Negro continua aqui. A paciência diminui ao extremo, lembro, reconheço parcialmente meu terreiro, cabeça feita, banho de cachoeira.